OXAGUIÃN
Batalha dos Atoris
Batalha
dos Atoris. Na cidade Africana de Eleegibò até hoje por ocasião de sua
festa os habitantes são divididos entre dois bairros e trocam golpes de
atori (varas), relembrando o mito que diz sobre um Babalaô seu amigo que
foi preso pelos guardas de Eleegibò ,por que se referiu o Rei como,
Oxaguian (Orixá Comedor de Inhame) tendo sido encontrado no calabouço
Oxagüian pediu-lhe perdão só aceito se os moradores da cidade trocasse
golpes de varas durante suas festas (sob pena de não haver boa colheita
caso isto não acontecesse).
O Castelo de Ogum
Oxaguian,
jovem filho guerreiro de Oxalá, acompanhava Ogum pela terra em suas
guerras. Aproveitava de toda ocasião em que a guerra criava destruição
para reconstruir no lugar algo maior e mais próspero.
Assim
espalhou pelo mundo prosperidade, sem descanso, obrigando todos a
trabalhar e progredir. Onde via preguiça, inspirava movimento e
crescimento. Um dia, entre uma batalha e outra, Oxaguian foi à cidade de
Ogun para buscar provisões e encontrou um castelo que acabava de ser
construído pelo povo do lugar em oferecimento a Ogum.
Oxaguian
perguntou ao povo: “Que vão fazer agora que terminaram de construir o
castelo do seu rei?” “Descansar”, eles responderam. Oxaguian retrucou:
“O seu rei ainda demora a voltar; vocês devem aproveitar deste tempo de
maneira melhor. Construam um castelo ainda melhor e encham de alegria o
seu rei.” Sacou da espada e com um toque empurrou a parede do castelo,
que ruiu todo.” Oxaguian voltou para a guerra, e o povo pôs-se a
construir um castelo ainda melhor.
O
tempo passou e Oxaguian voltou à cidade de Ogun em busca de mais
provisões. Encontrou lá um castelo ainda maior e melhor do que o que
tinha derrubado. Semelhante diálogo se travou. Oxaguian perguntou ao
povo: “Que vão fazer agora que terminaram o castelo do seu rei?” “Vamos
descansar”, eles responderam. Oxaguian interrogou: “Mais uma vez, o seu
rei demora a voltar; vocês que aproveitem ainda deste tempo de maneira
melhor. Construam um castelo melhor para o seu rei.” Como tinha feito
antes, sacou da espada e com um toque derrubou o castelo.” E partiu para
guerra, voltando sempre em busca de novas provisões.
Tantas
vezes isto aconteceu que o povo do lugar se transformou em um povo de
grandes construtores, desenvolvendo engenharia e arquitetura soberba,
reconhecida mundialmente. Oxaguian promove o progresso. Não gosta de ver
ninguém parado.
Ogum faz instrumentos agrícolas para Oxaguian
Oxaguian,
rei de Ejigbô, o Elejigbô, chamado "Orixá-Comedor-de-inhame-pilado",
inventou o pilão para saborear mais facilmente seus prediletos inhames.
Todo o povo do seu reino adotou a sua preferência. Todo o povo de Ejigbô
comia inhame pilado. E tanto seu comia inhame em Ejigbô que já não se
dava conta de plantá-lo. E assim, grande fome se abateu sobre o, povo de
Oxalá.
Oxaguian
foi consultar Exu, que o mandou fazer sacrifícios e procurar o ferreiro
Ogum, que naquele tempo viva nas terras de Ijexá. O que podia fazer
Ogum para que o povo de Ejigbô tivesse mais inhame?, consultou Oxaguian.
Ogum pediu sacrifícios e logo deu a solução. Em sua forja, Ogum fez
ferramentas de ferro.
Fez
a enxada e o enxadão, a foice e a pá, fez o ancinho, o rastelo, o
arado. "Leve isso para o seu povo, Elejigbô, e o trabalho na plantação
vai ser mais fácil. Vão colher muitos inhames, mais do que agora quando
plantam com as mãos", disse Ogum. E assim foi feito e nunca se plantou
tanto inhame, como se colheu. E a fome acabou.
O
povo de Ejigbô, agradecido cultuou Ogum e ofereceu a ele banquetes de
inhames e cachorros, caracóis, feijão-preto regado com azeite-de-dendê e
cebolas.
Ogum
disse a Oxaguian: "Na casa de seu Pai todos se vestem de branco, por
isso também assim me visto para receber as oferendas". E o povo o
louvava e Ogum ficou feliz. E o povo cantava: "A kaja lónì fun Ògúnja
mojuba". "Hoje fazemos sacrifício de cachorros a Ogum, Ogunjá, Ogum que
come cachorro, nós te saudamos".
Oxaguian
disse a Ogum: "Meu povo nunca há de se esquecer de sua dádiva. Dê-me um
laço de seu abadá azul, Ogum, para eu usar com meu axó funfun, minha
roupa branca. Vamos sempre nos lembrar de Ogunjá". E, do reino de Ejigbô
até as terras de Ijexá, todos cantaram e dançaram.
O NASCIMENTO DE OXAGUIÃN
Nasceu
dentro de uma concha de caramujo. Não tinha mãe. E quando nasceu, não
tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo.
Um
dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de
inhame pilado. Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela
esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E
sofria muito.
Um
dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar
do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a
cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá.
Então
Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum
também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas
tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul,
agora equilibrada e sem problemas.
A
partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã
depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum
fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
O PILÃO DE OXAGUIÃN
Oxaguian
teria nascido em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan.
Valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino. Partiu,
acompanhado de seu amigo Awoledjê.
Oxaguiã
não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí
tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Ele tinha uma grande paixão por
inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste
iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta;
comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu
estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia
ser-lhe servido.
Chegou
ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato
predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um
cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e
assim passou a ser chamado.
Awoledjê,
seu companheiro, era babalawo, um grande adivinho, que o aconselhava no
que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã
oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem
majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos.
Disse-lhe,
ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um
pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma
cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois
disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma
grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era arrodeada de muralhas com
fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas
entradas e saídas.
Havia
um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe,
compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com
pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores.
Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de
respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria
ser empregada.
Ao
cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo
esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do
palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do
"Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os
guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que
impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe
pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê,
mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia.
Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não
tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô,
desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação.
"Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um
dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu
perdão!"
Awoledjê
foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata.
Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que
esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito
bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas
tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário
que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de
varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão
golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou
quebrem-se".
Desde
então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de
Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um
dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva
cair.
A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, também, na Bahia.
Por
ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas
nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma
porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia,
trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do
Orixá "Comedor-de-inhame-pilado."
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