OBALUAÊ
Diz o mito que Obaluaiê é filho de Nanã (a lama primordial de que foram feitas as cabeças – Ori– humanas) e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nanan seduziu Oxalá, mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Yemonjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nana o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o levasse. Yemonjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Yemonjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas assustadas com o homem coberto desde a cabeça com palhas expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento Iansan, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade. E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã-Balé se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam entre os homens.
Os Yorubas acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após um violento sofrimento.
Obaluaiê rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nana), a umidade dela (por sua adoção por Yemonjá) e as doenças das plantações.
Dia da semana: segunda-feira
Cores: preto, vermelho e branco
Símbolo: Xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro).
Número: 13
Comida: pipoca
Saudação: Atotô! (veja abaixo o Oriki completo de Omolu)
Odu regente: Odí
Orìsà Jìngbìnì
Abàtà, Arú Bí Ewè Ajó
Orisá Tí Nmú Omo Mú Ìyá
Bí Obaluayê Bá Mú Won Tún
O Tún Lè Sáré Lo Bábá
Orìsà Bí Àjé
Obaluayê mo Ilé Osó, Ó Mo Ilé Àjé
O Gbá Osó L'Ójú,
Osó Kún Fínrínfínrín
O Pa Àjé Ku Ìkan Soso
Orìsà Jìngbìnì
Obaluayê A Mú Ni Toùn Toùn
Obaluayê SSí Odù Re Hàn Mí
Kí Ndi Olówó
Kí Ndi Olomo
clique abaixo em Leia mais para ver a tradução:
Orixá forte
Abatá que floresce exuberante como as folhas da árvore ajó
Orixá que pune a mãe juntamente com o filho
Depois que Obaluaê acabar de castigá-los
Ainda poderá castigar o pai
Orixá semelhante a uma feiticeira
Obaluaê conhece tanto a casa do feiticeiro como a da bruxa
Desafiou o feiticeiro
E este correu desesperado
Matou todas as bruxas permitindo que apenas uma vivesse
Orixá forte
Obaluaê, que faz as pessoas perderem a voz
Obaluaê, abra seu odu para mim
Para que eu seja uma pessoa próspera
Para que eu seja uma pessoa fértil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário